sábado, 16 de agosto de 2008

Não ao sistema paritário na eleição provoca ocupação da reitoria

Na última reunião do Conselho Universitário (Coun) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, realizada dia 7, os estudantes colocaram em pauta de votação a paridade nas eleições para reitor e nos conselhos deliberativos. A proposta não foi aprovada pelo conselho. Os representantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE), que possuem 3 das cadeiras das 45 no Coun, propuseram que fosse realizada uma consulta informal, mas que após isto o Conselho aprovasse o resultado obtido. O reitor da UFMS, Manuel Catarino Paes Peró, presidente do Coun, ignorou a proposta e não a colocou em votação, o que provocou a ocupação da reitoria pelos estudantes.

Após a reunião, os estudantes ficaram indignados com as atitudes do reitor. Manuel Peró não colocou em votação no Conselho a consulta informal e criou barreiras para que não fosse divulgada na reunião uma entrevista do Ministro da Educação Fernando Haddad, em que ele afirma que o sistema paritário informal é permitido, respaldando a proposta dos acadêmicos. Por fim, os estudantes manifestaram repúdio à atitude do reitor em confirmar a eleição para 25 de agosto, véspera de feriado na capital, o que dificulta a participação dos acadêmicos e dá o prazo de menos de duas semanas às campanhas dos candidatos. Estes que também estão proibidos de participarem de debates públicos de acordo com a deliberação n° 06 de 11 de agosto de 2008, expedida pela Comissão Executiva Eleitoral, presidida pelo professor Flávio Dantas dos Santos.

Segundo o diretor de comunicação do Diretório Central dos Estudantes, Ítalo Milhomem, as reivindicações da ocupação são, além da paridade e da mudança da data da eleição, também por uma eficiente assistência estudantil, rediscussão do REUNI, contratação de professores permanentes, melhoria na infra-estrutura, transparência administrativa, melhor aplicação de recursos e fim das taxas na UFMS. Milhomem afirma que a ocupação, hoje no seu nono dia, permanecerá até que suas propostas sejam aceitas. De acordo contagem do DCE, a ocupação conta com 64 barracas, 96 acadêmicos que dormem no local e cerca de 400 estudantes passam o dia na reitoria todos os dias. Hiure Queiroz, acadêmico de Física e membro do DCE, confirma, “o movimento está ganhando cada dia mais adeptos. Estamos conseguindo a paralisação de diversos cursos e vamos continuar as paralisações até conseguirmos uma postura diferente da administração e que eles deixem de nos tratar com indiferença e escute nossas reivindicações”.

A campanha pela paridade foi lançada em junho e propõe 33% de peso nas votações para os três setores da universidade: docentes, técnicos e acadêmicos. A situação atual é de 70%, 15% e 15% respectivamente. Em entrevista ao jornal O Estado de MS, o reitor disse que para rediscutir a paridade é necessário que 66,6% do Coun peça a reconvocação de uma nova reunião e que, para ele, a ocupação é “um ato normal”. Em entrevista, Ítalo Milhomem afirmou que os conselheiros não serão procurados para uma tentativa de reverter a situação, pois “é o conselho do reitor. Não há democracia na universidade.

Fernanda Kintschner
Comissão de Comunicação
Ocupação UFMS

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