quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Carta Aberta

No dia seis de Agosto de 2008, os acadêmicos dos campi de Três Lagoas , Aquidauana e Campo Grande se uniriam na reitoria da UFMS para participar do COUN ( Conselho Universitário ), onde seriam definidas as regras e datas para a eleição do novo reitor da instituição.
Estes acadêmicos foram impedidos de participar do COUN, e tiveram de assistir ao Conselho por meio de um telão. Com o andamento do COUN, foi notado entre os acadêmicos a total falta de interesse, por parte da administração, em ouvir e dialogar com o corpo discente.
Neste Conselho, em diversos momentos, fomos impedidos de exercer nossa função. Não autorizaram a passagem de um vídeo no qual o Ministro da Educação se pronunciava acerca da paridade nas eleições, recurso que possibilitaria maior clareza na discussão entre os setores da universidade.
Não fosse o bastante, em diversos momentos sofremos, ridicularizados e interrompidos em nossas falas. Fomos também impedidos de consultar o Professor Sandro Rogério, do departamento de História e Direito, que estava presente no Conselho.
Apesar dos pedidos feitos pelos Conselheiros que representam os acadêmicos, como a inserção em pauta da proposta para a realização de uma consulta paritária, nos moldes sugerido pelo Ministro da Educação e utilizado por outras instituições, o Reitor Manoel Catarino Paes Peró, simplesmente ignorou nosso encaminhamento, e não colocou nossa proposta em votação.
Neste momento, houve uma grande tensão no saguão da reitoria. Os estudantes inconformados foram agredidos pela segurança da universidade com cassetetes de choque elétrico.
Tendo o ocorrido em vista, decidimos, em assembléia, compor uma pauta de reivindicações. A crise institucional não se restringe ao processo eleitoral, mas envolve outras questões que foram levantadas em reuniões realizadas em Campo Grande, Nova Andradina, Corumbá, Aquidauana, Três Lagoas e Paranaíba que seguem abaixo:
- Por um novo conselho universitário que aprove as eleições da UFMS, por meio de uma consulta informal de forma paritária a ser homologada por indicação do Colégio Eleitora, haja vista o exemplo dado na Universidade Federal; Fluminense;
- Centro universitário de cultura e arte;
- Contra a perseguição aos estudantes de Nova Andradina;
- Campanha: Nos não Vamos Pagar Nada, pelo fim do pagamento de taxas na UFMS;
- Rediscussão do REUNI;
- Pela paridade plena não apenas na eleição, mas em todas as instâncias;
- Pela mudança do dia da eleição para reitor (25 de Agosto, segunda-feira e véspera de feriado) para o dia 03 de setembro;
- Pela contratação de professores permanentes, em face da crise de falta destes, agravada pela demissão de substitutos contratados irregularmente;
- Por uma ampla discussão sobre os critérios de distribuição de vagas de professores
- Pela melhoria na infra-estrutura;
- Pela transparência nas ações da administração e na realização das eleições;
- Por melhor aplicação dos recursos financeiros;
- Pela construção imediata de moradias estudantis. Pela construção de Restaurantes Universitários em todos os Campi da UFMS problemática fundamental que constrange alunos desfavorecidos e que tem necessidade de serem contemplados.
- Regulamentação do FUNCRED criado na década de 1980.

Por conta de cada uma das mostras de negligencia e desrespeito à democracia supracitadas, cometidas pela administração da universidade nos últimos 8 anos – como a desestabilização dos movimentos sociais dentro da universidade, com total arbitrarismo – decidimos ocupar a reitoria da universidade.
Gostaríamos de salientar o caráter pacífico deste acontecimento, prezamos pela paz e pela liberdade de ir e vir de todos, no entanto, os acontecimentos não nos deixam outra escolha senão a medida tomada, medida esta que será pautada pelo respeito aos direitos humanos enquanto durar. Nos comprometemos a arcar com qualquer gasto referente a danos ao patrimônio público decorrentes desta mobilização, pois entendemos que este pertence a toda a sociedade.
Temos como principal reivindicação a luta pela Paridade Plena dentro da instituição, e não somente nas eleições. Queremos participação igual entre os segmentos nos conselhos e colegiados da instituição. E não iremos nos retirar enquanto não houver compreensão e disposição desta administração em atender às nossas solicitações.

2 comentários:

ufmsdemocratica disse...

Apoio as reivindicações dos Estudantes

Apoio incondicionalmente a manifestação do estudantes e sua luta pela democratização da UFMS. A conquista de uma universidade autônoma e democrática com qualidade de ensino se dá com muita luta. Os estudantes são um belo exemplo de cidadania em sua luta e faz o que todos deveriam fazer: não se calar frente aos detentores do poder. A universidade não prescinde de idéias e de lutas!

Prof. Marco Aurélio
Depto. Computação e Estatística

Anônimo disse...

Bom dia companheiros,

Gostaria de iniciar meu comentário citando uma linda frase de um grande cúmplice da causa social, Ernesto Che Guevara, dizia ele: "(...) a universidade deve ser flexível... deve se pintar de negro, de índio, operário e camponês. Ou então ficar sem portas; para que o povo possa invadi-la e pintá-la com as cores que ele quiser".

Partindo desta premissa, parabenizo e conclamo mais estudantes a participar desta iniciativa intentada pelos acadêmicos da referida instituição de ensino. Além disso, reitero e parafraseio as palavras de Che e digo: Se a UFMS não abrir as portas para uma discussão saudável da política estudantil, que se faça por meio do suor e do sangue de vocês, homens e mulheres, que se lançam a busca de dias melhores na educação.

E por fim, deixo aqui relatos do que um dia foi à ditadura estudantil na Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, onde não se podia votar igualmente, havia taxas até para ir ao banheiro e cotas era algo para o terceiro mundo, menos para o Brasil. Contudo, eles (o Estado, por intermédio dos administradores da instituição) não contavam com a mobilização dos estudantes e nos anos de 2001/2003 todas estas aberrações da natureza na política estudantil foram extirpadas do processo eleitoral daquela instituição, mas isso não foi da noite para o dia, precisou manifestar da mesma forma que vocês hoje fazem aí na UFMS. Naquela época e atualmente a UNEMAT é uma das únicas universidades públicas com um processo eleitoral e o ensino mais público e democrático do Brasil e, que isso sirva de exemplo para esta empreitada de vocês.

Com carinho:
Belgrano Anacleto de Souza
(Bacharel em Direito pela Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT, Bacharelando em Teologia, Pós-graduando em Direito Público e Funcionário Público do Estado de Mato Grosso).

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